15 de abril de 2016

Procurando espelhos

*Resenha feita durante a Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 11 e 15 de abril no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.


Poster do filme
Solaris foi escrito pelo escritor polonês Stanislaw Lem em 61 e foi adaptado aos cinemas em duas ocasiões: em 72 por Andrei Tarkóvski e 2002 por Steven Soderbergh. Do ponto de vista de quem leu o livro, existem poucas diferenças, mas essenciais, entre o romance e o filme de Tarkóvski. Quanto ao filme de Soderbergh, as únicas semelhanças estão nos nomes dos personagens, do planeta e em alguns pontos da trama, a versão norte-americana limitou-se a reduzir o romance e o filme de 72 a um romance fantástico. Pessoalmente considero o livro de Lem e o filme de Tarkóvski duas metades de uma mesma laranja excepcional. No livro de Stanislaw Lem, a discussão está em torno da comunicação, do contato entre espécies totalmente diferentes, da ausência do entendimento e até mesmo da falta de disposição no entendimento. No filme de Andrei Tarkóvski, bem como em toda sua filmografia, a discussão foca no que o ser humano realmente procura, um espelho: no caso de Solaris, o que procuramos no espaço nada mais é que um reflexo de nós mesmos e nossas próprias experiências. 

O protagonista, Kris Kelvin (Donatas Banionis)
O filme começa diferente do livro com o protagonista, o psiquiatra Kris Kelvin (Donatas Banionis), revisitando a casa onde cresceu pra se despedir do pai (Nikolai Grinko), que provavelmente não verá mais vivo novamente quando voltar da missão. Kelvin é encarregado de descobrir o que aconteceu na estação em órbita de Solaris, o motivo da tripulação ter cortado o contato com a Terra e se a missão deve ou não continuar, sua avaliação psicológica da tripulação é crucial pra avaliação do controle da missão. Logo somos apresentados ao piloto Henri Berton (Vladislav Dvorzhetsky), um amigo do pai de Kelvin que já esteve em Solaris e teve seu relatório desacreditado pela comissão de avaliação do controle da missão. Em seu relatório, Berton afirma que viu anomalias peculiares na superfície do planeta sendo uma delas uma criança descomunal, muito parecida com o filho de um dos tripulantes. No entanto, o vídeo da missão mostra apenas nuvens esparsas por sobre o oceano em Solaris, desacreditando completamente o relatório de Berton que insiste no que viu perante a comissão. Tudo que Berton quer é que Kelvin lhe dê um voto de confiança e avalie a situação com cuidado. Logo que a vista se encerra, Kelvin se despede de seu passado na Terra e logo o espectador é conduzido pra sua chegada à estação em órbita de Solaris.

A estação em órbita de Solaris

Solaris é uma anomalia cósmica. Um planeta que orbita duas estrelas, uma gigante vermelha e uma estrela azul, e que sofre tensões gravitacionais extremas, composto basicamente por um oceano, um lugar que não deveria existir no papel. A tensão gravitacional simplesmente deveria destruir o planeta e no entanto ele parece regular sua órbita, temperatura, pressão... tudo. Esse é o grande mistério do estudo da "solarística", como é mencionado no filme, no entanto, pra surpresa do protagonista e do expectador, existe muito mais pra se descobrir em Solaris. Logo que aporta na estação, Kelvin percebe uma estação abandonada, desolada e sem manutenção. Os outros tripulantes, Dr. Snaut (Jüri Järvet) e Dr. Sartorius (Anatoli Solonitsyn), ignoram a chegada de Kelvin e ele logo fica sabendo que seu amigo, o Dr. Gibarian (Sos Sargsyan), se matou em sua cabine. Kelvin logo acessa uma mensagem do amigo em sua cabine alertando que Solaris está além da compreensão humana. Ao se recolher aos seus aposentos, reflexivo, Kelvin mal sabe o que lhe espera ao despertar... A aparição de Hari (Natalya Bondarchuk), sua falecida esposa, é o primeiro sinal de que Solaris tem muito mais a esconder.

O oceano

Poster italiano, note a menção a 2001,
sugerindo Solaris como resposta
soviética ao clássico de Kubrick
O expectador é conduzido pela trama pelos olhos do protagonista que, na medida em que avança em sua relação com Solaris e os tripulantes da estação, vai se distanciando cada vez mais de seu propósito original e refletindo o que o Dr. Snaut fala em um determinado momento do filme, que nós não procuramos descobrir os mistérios do cosmos quando nos aventuramos pelas estrelas, nós procuramos espelhos. Tal reflexão dá a tônica do filme e pode muito bem ser evidenciada nas muitas ficções que encontramos, vide Jornada nas Estrelas / Star Trek que representa o alienígena da semana muitas vezes como um humano, quase sempre com qualidades e defeitos humanos. Claro que a boa ficção científico trata de mostrar a reação humana perante o desconhecido seja no espaço ou no futuro, a questão é que poucas ficções ousam abordar o universo como algo realmente desconhecido ao homem e é isso que temos em Solaris, tanto no livro de Lem como no filme de Tarkóvski.

Se o filme de Tarkóvski é ou não mesmo uma resposta soviética à 2001: Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick, não sei dizer, tampouco encontrei fontes que confirmassem que isso foi dito na época. Sei que estamos diante de grandes exemplos de boa ficção científica no cinema, filmes que ousam discutir o que realmente encontraremos entre as estrelas. Solaris merece ser visto e lido por todo fã da boa ficção científica. O filme pode ser encontrado em Blu-Ray pela Versátil Home Video numa excepcional edição especial com o filme, vários extras e um pôster. O livro será relançado em breve pela Editora Aleph, em nova tradução. Edições antigas, com outras traduções, podem ser encontradas ainda na Estante Virtual.



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O Sentinela Positrônica é um Blog Parceiro da Editora Aleph.
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Daniel Rockenbach, um estranho numa terra estranha que decidiu compartilhar suas leituras sobre ficção científica em suas mais diversas manifestações.

Seu instagram é @danielrockenbach.

14 de abril de 2016

Planeta Indomável

*Resenha feita durante a Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 11 e 15 de abril no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.

Capa do filme em home video
Planeta Selvagem é uma animação do diretor René Laloux produzida entre França e Tchecoslováquia em 1973. O filme ganhou o Prêmio Especial do júri em Cannes em 73 e é baseado no livro "Oms en série" do autor francês Stefan Wul. Planeta Selvagem estreou nos EUA como Fantastic Planet e foi levado ao país por ninguém menos que Roger Corman. A animação conta a história do planeta Ygam e os Draags, seres azuis gigantes de uma civilização altamente avançada que um dia visitaram a Terra e levaram humanos ao seu planeta. Esses homens passaram a ser chamados Oms e foram adotados como animais pelos Draags que se dedicaram a domesticar alguns Oms enquanto o resto foi abandonado na natureza selvagem do planeta Ygam.

O Planeta Selvagem do título é na verdade a Lua de Ygam, algo que o espectador fica sabendo ao longo da projeção. A relação entre Oms e Draags define a narrativa da animação que começa apresentando uma Om selvagem com seu filho enquanto 3 crianças Draags brincam com a humana em fuga. A mãe acaba morta com a brincadeira inocente, porém cruel, das crianças Draags e cabe ao Draag chamado Mestre Singh, um dos líderes políticos do planeta, e sua filha Tiva resgatarem o pobre bebê Om sobrevivente. Tiva adota o "animal" e o nomeia Terr, assim floresce a relação dono/mascote entre a jovem Draag e o bebê Om. A história se desenvolve com Terr aprendendo a usar o método de aprendizagem artificial dos Draags por acidente e, com isso, desenvolvendo sua inteligência até o dia em que decide fugir e acaba encontrando os outros Oms, esses não-domesticados e com uma cultura tribal já desenvolvida. Nesse meio tempo, o alto conselho Draag discute formas de reduzir e controlar a população de Oms em Ygam.

A Draak Tiva e o pequeno Om Terr

O filme trata da relação de poder entre opressor e oprimido, mostrando o ser humano no papel do animal domesticado ou selvagem, subvertendo os papeis e colocando os Draags como nossos senhores. Naturalmente a relação não funciona e esse é o mote do filme. A animação é precursora ao estilo futurista fantástico proposto pela Metal Hurlant no final da década de 70, a mesma Heavy Metal nos EUA que em 81 ganhou um longa-metragem de animação que poderia muito bem incluir Planeta Selvagem entre seus segmentos. Os cenários fantásticos lembram muito os desenhos de Druillet e Moebius, especialmente a fase da Garagem Hermética e Azrach de Moebius. A animação me lembra o estilo de Terry Gilliam em sua fase psicodélica no grupo Monty Python, um grande indicativo da qualidade do filme. Infelizmente o filme é muito difícil de encontrar no Brasil, até mesmo pra importação. Uma edição especial em Blu-Ray da Criterion é prevista pra junho desse ano, com isso, nos resta torcer pra que uma distribuidora decida trazer essa pérola da animação ao Brasil. A Versátil já se mostrou uma excelente candidata, vamos torcer pra que isso aconteça!

O mundo selvagem (e surreal) de Ygam assola Terr e sua companheira Om


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13 de abril de 2016

A coisa que veio do espaço sideral!

*Resenha feita durante a Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 11 e 15 de abril no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.

Poster do filme de 82, de John Carpenter
O Enigma de Outro Mundo ou, traduzindo do original em inglês, A Coisa (The Thing de 1982) de John Carpenter é uma refilmagem do clássico de "Cristian Niby", O Monstro do Ártico (The Thing from Another World de 1951) que por sua vez é uma adaptação do conto "Who goes there?" de John Wood Campbell Jr. publicado na revista pulp Astounding Stories em 1938. As aspas pro diretor de O Monstro do Ártico, Cristian Niby, são justificadas pelo fato de o filme ser praticamente todo dirigido por Howard Hawks, um dos diretores favoritos de John Carpenter. Como Hawks era sempre associado a grandes produções e a ficção científica dos anos 50 ainda era constantemente associada a filmes B e produções menores, Niby ganhou os créditos já que assistiu o trabalho de Hawks em toda a produção. Carpenter, um grande fã do filme original, resolveu homenagear e repensar o filme em 1982 com seu assustador e paranoico Enigma de Outro Mundo.

Poster do filme original, de 1951
A trama aborda a paranoia em uma estação de pesquisa norte-americana no Ártico onde o contato com a humanidade é mínimo, os recursos demoram a chegar e uma nevasca pode comprometer toda a rotina da estação. O filme começa com um helicóptero em perseguição ao que o expectador logo persegue ser um inocente cachorro, correndo por sua vida rumo à estação norte-americana. Os habitantes da estação não entendem nada do que está acontecendo, um acidente com o helicóptero acontece e apenas o cão sobrevive. Logo os habitantes da estação percebem que o cachorro tinha algo errado, que na verdade se revela um ser alienígena capaz de mimetizar qualquer ser vivo com quem ele tenha encontrado. O resultado disso acaba sendo um clima de paranoia e desconfiança na base agora que os habitantes sabem que qualquer um deles pode ser o alienígena...

Kurt Russel, o protagonista ou um dos possíveis candidatos
a alienígena
Misturando cenas tensas com puro horror e asco, Carpenter usa a câmera em ambientes fechados, frios e opressores pra expor no filme o clima de tensão entre os personagens do filme. Em nenhum momento o expectador está seguro sobre quem pode ser o alienígena, mesmo Kurt Russel, o rosto familiar de um protagonista perante o público escapa do clima de paranoia que ali se instala. A única constatação é dada pelo cientista chefe da base que calcula que se a criatura sair da base, em no máximo 3 anos ela pode ocupar todo o planeta uma vez que, em contato com um ser, ela aparentemente também aumenta sua capacidade de se multiplicar. Essa paranoia toda tem uma inspiração nos tempos da Guerra Fria, principalmente no "MacCarthismo" quando o senado norte-americano procurava comunistas em todos os meios, incluindo nas artes e no cinema. Uma vez infiltrado em um lugar, o comunismo supostamente se espalharia país afora.

Certeza que a criatura chegou naquilo...

Outro ponto a se destacar é a forma como o horror é apresentado: H. P. Lovecraft e suas terríveis criaturas com tentáculos e capazes de monstruosidades inomináveis é outra grande referência de Carpenter na caracterização do monstro. Ao invés de escolher um visual definido pro alienígena, ele define que o mesmo pode assumir qualquer forma e, quando revelado, os tentáculos e garras em cena lembram muito as criaturas de Lovecraft, um autor que trazia muitos de seus monstros do espaço, vide Nas montanhas da loucura, A cor que caiu do espaço, A Sombra de Insmouth e outros tantos contos do autor. O Enigma de Outro Mundo infelizmente fracassou nas bilheterias em 82, a infelicidade veio em grande parte da escolha da data de lançamento do filme: o mesmo final de semana de estreia de E.T. de Steven Spielberg. Na briga pela audiência entre o carismático E.T. e a criatura sem rosto de Carpenter, quem venceu foi Spielberg. O fato é que não tardou ao público redescobrir esse clássico em VHS e nas décadas seguintes a fama cult do filme só cresceu, ao ponto de hoje ser lembrado como uma das obras-primas de Carpenter.

Antes de assistir Enigma de outro mundo, tenha certeza de estar com o estômago vazio...

O filme pode ser encontrado em Blu-Ray e DVD nas grandes lojas bem como a prequel lançada em 2011 que conta o que aconteceu antes da cena de abertura do filme, uma prequel bem interessante apesar de não ter todo o toque a mais que Carpenter colocou em seu filme. O Monstro do Ártico pode ser encontrado no box Clássicos Sci-Fi Volume 2 da Versátil Home Video, aqui destaco Carpenter entre os extras do filme onde ele comenta toda sua admiração pelo filme e pelo diretor Howard Hawks.



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12 de abril de 2016

Moonage Daydream

*Resenha feita durante a Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 11 e 15 de abril no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.

Poster nacional
Lunar é o filme de estreia de Duncan Jones, até então, conhecido apenas como o ilustre filho de David Bowie. O filme teve produção modesta e foi realizado durante uma greve de roteiristas no Reino Unido que, de acordo com o próprio Duncan, beneficiou o filme já que os melhores técnicos em efeitos especiais estavam disponíveis. Lunar foi filmado em 33 dias com um orçamento aproximado de U$10 milhões e lançado em 2007 em cinemas selecionados nos EUA e no Reino Unido, sendo exibido em mostras independentes e recebendo premiações até ganhar uma estreia mais considerável no circuito comercial. No Brasil, infelizmente Lunar foi lançado direto em home video como costuma acontecer com filmes independentes. Após o lançamento de Lunar, Duncan Jones ainda é lembrado como o filho de David Bowie e como o cara que realizou Lunar.

Sam Rockwell como Sam Bell
Lunar conta a história de Sam Bell (Sam Rockwell), um minerador que vive solitário no lado oculto da Lua em um destacamento de 3 anos onde ele deve cumprir as tarefas na estação de mineração da Lunar Industries. Sua única companhia é a inteligência artificial GERTY que cuida das rotinas da estação e ajuda a manter o moral de Sam em dia. A grande sacada no lado científico dessa ficção é que ela é extremamente realista: a mineração de Hélio 3 na Lua é uma possibilidade muito próxima. Hoje em dia nossas usinas nucleares são baseadas no princípio da fissão nuclear onde núcleos de hidrogênio são destruídos gerando energia e radioatividade no processo. A partir do momento em que conseguirmos a fusão nuclear, o uso do Hélio 3 no processo de fusão gera apenas energia, sem a formação de dejetos radioativos. O mais interessante não é só a pureza do processo mas também a eficiência: com pouco mais de 1 kG de Hélio 3 nós podemos sustentar a demanda energética do planeta por 1 ano. O Hélio 3 é um subproduto das reações nucleares que ocorrem em nosso Sol e ele é emanado em todas as direções no processo de fusão nuclear do hidrogênio solar, aqui na Terra ele é raro de se encontrar e difícil de se produzir: primeiro porque temos nossa atmosfera bloqueando a queda do isótopo, segundo porque não é fácil gerar o Hélio 3 em outro processo além da fusão. A melhor opção pra colher o Hélio 3 seria na Lua, já que ela está próxima, não tem atmosfera e recebe diretamente o elemento do Sol todos os dias. A única dificuldade seria minerar o solo em busca do isótopo mas nada que uma base instalada não consiga atender.

Veículo minerador em ação

No filme, a Lunar Industries se encarrega de minerar a superfície do lado oculto da Lua em busca do Hélio 3 e, por uma questão operacional mantém apenas um homem cuidando de toda a estação por um período de 3 anos. Sam Bell é encarregado de pilotar o veículo minerador, extrair o conteúdo e enviar regularmente pra Terra uma remessa de Hélio 3. A trama se desenvolve quando, próximo de sua data de retorno à Terra, Sam sofre um acidente durante uma operação de mineração. Depois do incidente, Sam começa a ter alucinações e visões de si próprio numa espécie de paranoia espacial.

GERTY
A influência estética de 2001: Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick é indiscutível: as tomadas da estação, o design dos sets e das roupas, tudo remete, ainda que indiretamente, ao grande clássico de Kubrick. GERTY lembra em vários momentos HAL 9000, ainda que não caia no lugar comum de simplesmente imitar a inteligência artificial da Discovery em 2001, mérito do ator Kevin Spacey que dá voz a GERTY. Em momento algum Lunar cai no lugar comum de imitar o homenageado ou soar óbvio demais, mérito dos atores e da direção firme de Duncan Jones. Se fosse pra firmar um filme mais próximo na temática eu diria que Gattaca (1997) de Andrew Niccol e Blade Runner (1982) de Ridley Scott estão muito mais próximos.

Momento PKD
Na medida em que o filme se desenvolve, partimos da influência técnica de autores como Arthur C. Clarke e Isaac Asimov e nos aproximamos de contemporâneos como Philip K. Dick. É inegável que os questionamentos sobre a realidade e sobre sua própria sanidade e individualidade se aproximam mais de PKD que de qualquer outro autor. Em alguns momentos, lembrei do conto A Formiga Elétrica e do romance Um reflexo na escuridão, ambos de PKD, onde os protagonistas se questionam sobre a própria existência. Falar mais sobre o assunto entregaria a trama e acredite, as surpresas que o filme guardam valem toda a experiência. Lunar é o exemplo máximo do que a boa ficção científica pode proporcionar: uma discussão sobre como a humanidade reagirá a tecnologias que ainda não criou, um futuro que ainda não chegou mas que está cada vez mais próximo.


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11 de abril de 2016

Eles estão entre nós

*Resenha feita durante a Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 11 e 15 de abril no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.

Poster de Eles vivem
Em 1987 o presidente dos Estados Unidos era Ronald Reagan. A filosofia dele era a de que enquanto os ricos estivessem bem, o povo estaria bem e essa era a propaganda vendida ao povo norte-americano. Todos poderiam, com muito esforço e dedicação, ter o seu lugar ao sol, era uma questão de tempo e esforço. Chocado com essa política ilusória e inspirado por uma HQ lançada em 1986, John Carpenter decidiu escrever, produzir e dirigir o cult Eles vivem em 1987. O filme tem uma pegada assumidamente trash, típica dos filmes B com temáticas envolvendo a paranoia comunista na imagem de invasores alienígenas. A escolha de locações, elenco e produção não podiam ser mais realistas, tudo envolvia mostrar as ruas de uma grande cidade, assoladas pelo desemprego e pobreza nas zonas mais remotas enquanto no centro, apenas a nata desfrutava da boa vida.

Roddy Piper, mais conhecido na época no Brasil como o "gaiteiro" das lutas de WWE, interpreta John Nada. Um homem comum, nenhum galã, apenas um sujeito acostumado a trabalho braçal, um protagonista que poderia ser qualquer um nas ruas, sem estudo ou sofisticação e que logo no começo do filme está migrando pra cidade grande em busca de emprego já que, no interior, as fábricas fecharam e ele não encontra mais oportunidades. John ainda acredita no "american way", ele acha que estão apenas vivendo uma fase ruim mas nem por isso ele se renderia. Tão logo ele chega e logo percebe que ele é só mais um desempregado entre tantos e logo ele acaba numa comunidade que mais se assemelha a uma favela onde ele conhece Frank, interpretado por Keith David. Frank e John são trabalhadores braçais que se encontram na mesma situação, migraram de suas cidades atrás de uma oportunidade melhor no grande centro. Ao contrário de John, Frank acredita que a vida é uma corrida onde a única opção é vencer e é bom que ninguém fique em seu caminho pois ele está disposto a ganhar.

John Nada interpretado por Roddy "o gaiteiro" Piper
Assim como aconteceu em Detroit, Flint e outras tantas cidades em Michigan, várias montadoras fecharam migrando para o México e outros países onde a mão de obra era muito mais barata, ocasionando com isso o empobrecimento dessas comunidades. Robocop de Paul Verhoeven é um filme que aborda esse aspecto em Detroit, Roger e eu de Michael Moore mostra a desolação em Flint após a saída das grandes montadoras. Eles vivem mostra essa desolação de uma forma figurada através de uma grande ironia: e se na verdade os ricos que dominam os meios de produção e a política fossem na verdade alienígenas nos manipulando enquanto preparam terreno pra dominação completa do planeta? O filme sugere que somos condicionados a obedecer, consumir e trabalhar, que o pensamento de pessoas como Frank é saudável, que tudo não passa de uma corrida em que temos que dar o nosso melhor sempre e que o prêmio sempre nos espera no final, ainda que a linha de chegada nunca seja alcançada de fato.

Obedeça!
O filme se desenvolve logo que Nada percebe uma movimentação estranha em uma capela ao lado da favela onde ele mora e lá ele encontra estilosos óculos escuros. Antes mesmo de colocar os óculos, uma força policial expulsa com truculência desnecessária os moradores da favela e com isso, John começa a desconfiar ainda mais da movimentação incomum e dos óculos encontrados na capela. No dia seguinte à ação policial ele decide conferir os óculos e, ao sair nas ruas, descobre que eles permitem que ele enxergue o mundo como ele realmente é: os ricos são alienígenas desformes, as propagandas trazem os dizeres obedeça, consuma e até mesmo o dinheiro traz uma triste mensagem, esse é o seu Deus. A partir daí, Nada decide convencer seu amigo Frank a usar os óculos em uma briga antológica que não duraria mais de 30 segundos mas só entrou no filme porque Roddy Piper e Keith David decidiram brigar de verdade, combinando apenas não atingir os rostos. Carpenter gostou tanto da autenticidade da sequência que decidiu manter o material completo no filme. Logo que Frank coloca os óculos e percebe a trágica realidade da invasão alienígena os dois acabam decidindo tomar uma atitude e acabam por se unir ao grupo que sabe da verdade e oferece resistência à ocupação alienígena. Em um dado momento o espectador percebe que até mesmo humanos cientes da invasão são capazes de se vender aos alienígenas em troca de uma vida de luxo e conforto!

Cuidado com quem você bebe...

Box da Versátil com o filme
Eles vivem é um cult essencial, um filme provocador mascarado de filme B mas com uma temática muito mais profunda. Sua influência na cultura Pop é vista em jogos de computador como Flashback, nas frases do infame Duke Nukem e em tantos outros filmes, HQs e livros. A crítica social vista ao longo das 1h37m de filme é sutil mas pode ser aplicada até mesmo nos dias de hoje onde vemos a diferença gritante na distribuição de riquezas atingir valores até então nunca imaginados pela humanidade. Não seria nada de se estranhar se por acaso descobríssemos em algum momento que na verdade, alienígenas estão entre nós... Você pode encontrar Eles vivem e outros filmes do gênero no box Clássicos do Sci-Fi Vol. 1 da Versátil Home Video. O filme vem com alguns extras e entrevistas além de conter um belo card exclusivo da divulgação do filme em 87 numa coleção altamente recomendável a todo fã da boa ficção científica no cinema.

Segue abaixo a HQ original em inglês que inspirou o filme publicada em 1986 na coletânea Alien Encounters pela editora Eclipse Comics, material encontrado no blog SAP Comics









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7 de abril de 2016

Um estudo em laranja

*O texto a seguir contém spoilers sobre a trama uma vez que a proposta aqui é analisar tanto livro como a adaptação cinematográfica.

Edição especial de 50 anos
A capacidade de escolha é algo que define o ser humano. Sem o livre arbítrio, não temos nada além de um individuo sem alma, praticamente uma máquina ou, como diz o livro, uma Laranja Mecânica. Anthony Burgess publicou sua obra-prima em 1962 e teve seu texto adaptado aos cinemas por Stanley Kubrick em 1971. A inspiração pro livro veio na década de 40, durante a grande guerra, quando Burgess sofreu um ato de violência onde sua esposa foi agredida por desertores do exército norte-americano em uma situação similar a exposta na trama do livro. Após um exame médico de rotina resultar num diagnóstico fatal de um câncer no começo dos anos 60, Anthony Burgess se colocou a escrever de forma prolífica pra que pudesse deixar um espólio minimamente razoável pra esposa antes de falecer. A ironia é que o exame se provou incorreto e que Burgess sobreviveu pra ver a consagração de sua obra-prima, a Laranja Mecânica.

Verso da edição de 50 anos
Na época em que o livro foi concebido, a juventude britânica não se organizava em gangues como as da obra mas em rockers, mods e Teddy-Boys, grupos baseados nos gostos musicais e estéticos dos jovens da época. Eles podiam não falar o nadsat, idioma criado por Burgess misturando inglês e russo e utilizado por Alex e seus druguis, mas também tinham suas gírias e expressões características. A juventude violenta dos anos 60 podia pertencer a outros grupos e ter gostos diferentes mas a situação é a mesma que a dos jovens que violentaram a esposa de Burgess na década de 40 ou a do protagonista do livro, Alex, no auge da sua juventude. A edição comemorativa de 50 anos de Laranja Mecânica começa com a citação de Shakespeare em Hamlet que diz que ele desejava que não houvesse nada entre os 16 e 23 anos, que a mocidade devia hibernar nesse período de efervescência emocional. Essa citação dá a tônica da trama do livro: Alex é um jovem que aprecia a violência e música clássica e não tem nenhuma pretensão com o mundo que o cerca além de se divertir às custas dessa sociedade. Inúteis pro mundo ao seu redor, Alex e seus druguis causam apenas dor e sofrimento por onde passam. A diferença entre Alex e seus druguis está na sofisticação do protagonista que associa Beethoven (entre outros músicos no livro, apenas ele no filme) à violência e regozijo. Em um dos ataques de Alex e seus druguis, Alex encontra o autor F. Alexander e sua esposa a quem agride e violenta junto com sua gangue, perante o marido indefeso. Aqui temos Anthony Burgess expondo ao leitor seu trauma do passado de uma forma um tanto quanto lírica já que o autor F. Alexander está escrevendo A Laranja Mecânica quando Alex e seus druguis invadem sua casa.

Edição de 50 anos sem a capa protetora
Laranja Mecânica discute o livre arbítrio em sua essência. Após cometer atos de violência extrema na primeira parte da obra, Alex é preso durante uma de suas incursões noturnas em uma armação provocada pelos seus próprios companheiros que discordavam da postura do seu líder. Depois de um tempo na cadeia, Alex se oferece pra um tratamento revolucionário que propõe devolvê-lo à sociedade devidamente convertido, puro e sem desejos de executar a violência que tanto o diverte. A princípio, o protagonista acredita ser o método Ludovico apenas um caminho fácil pra fora da prisão mas mal sabe ele o que o aguarda após o tratamento. Uma vez terminado o processo, Alex passa a sentir aversão por imagens violentas e por sua amada música clássica já que o protagonista associava violência e música em sua mente deturpada. Agora Alex não tem mais escolha, ele não consegue praticar sua perversidade já que o simples desejo é capaz de provocar nele o asco mais intenso. A música então já não serve mais como escape uma vez que ela sempre esteve associada aos seus atos de violência e também desencadeia o mesmo efeito. Com isso, Alex se torna, nas palavras do autor, uma Laranja Mecânica, um indivíduo sem vontade própria, mecânico e conveniente ao estado que nada espera de Alex além do sorriso conveniente de quem enxerga nele um exemplo da eficiência da máquina pública.

Acabamento interno da edição de 50 anos

O estado é apresentado na trama como uma engrenagem indiferente ao individuo e mais preocupado com a massa. Enquanto o jovem comum estiver estudando, ele não precisa trabalhar, caso contrário, é obrigado a "robotar" nas fábricas como os pais ausentes de Alex. Aí surge a brecha que cria indivíduos como o protagonista e sua gangue. Fica implícita a sugestão de que o governo desse futuro está próximo ao de uma realidade comunista onde todos tem que trabalhar e, com isso, cabe ao estado, ineficiente, educar a juventude na ausência da família. Isso tira dos pais a tarefa de dar os valores que a escola não pode dar aos seus filhos e essa situação é decisiva na criação de jovens como Alex e seus druguis. Poucos são aqueles que não vivem nos flatblocos e tem que trabalhar todos os dias nas fábricas e estes aparentam fazer parte de uma elite intelectual/financeira distante dessa realidade e que acabam se tornando vítimas da violência de Alex e sua gangue. Após o tratamento Ludovico, Alex é liberado de sua pena como um exemplo da eficiência do estado em supostamente resolver o problema da delinquência juvenil.

Ilustração de Dave McKean
Logo que sai da cadeia, Alex acaba surpreendendo seus pais que não esperavam o retorno do filho e colocaram um inquilino em seu quarto. Rejeitado pelos pais, Alex vaga sem destino pela cidade onde a violência que ele causou se volta contra ele, quase como uma ironia do destino, causada pelas mãos daqueles que ele agrediu. O idoso agredido no começo do livro encontra Alex na biblioteca e o agride, o antigo drugui Tosco e o líder da gangue rival, Billy Boy, agora policiais já que o estado considera uma tarefa louvável aos delinquentes de outrora, o levam pra mais uma rodada de agressões em retribuição aos erros do passado. Agora todos aqueles que ele fez sofrer antes do tratamento, devolvem na mesma moeda o que Alex lhes causou. Sem poder revidar pelo tratamento que teve na penitenciária, Alex sofre e chega ao seu limite até o momento que reencontra, por obra do acaso, o autor F. Alexander que o resgata, ouve sua história e, não reconhecendo o agressor do passado, o entrega ao partido de oposição ao governo. É nesse momento que percebemos que tanto aqueles que estão no poder como aqueles que o desejam, enxergam Alex apenas como uma mera engrenagem dentro de um plano maior. Eles usam Alex em seu plano de desmoralizar o governo expondo o fracasso do método Ludovico. Aqui Alex quase encontra seu fim quando tenta o suicídio como forma de escapar de sua agonia. A esperança da oposição era trazer a opinião pública contra a situação com a tragédia de Alex, o que acaba não acontecendo já que ele sobrevive e cai nas mãos novamente do mesmo governo que o manipulou. Agora a proposta é reverter o processo do método Ludovico, desintoxicando Alex do seu antigo tratamento e permitindo a volta do livre arbítrio ao conturbado protagonista.

Ilustração de Angeli
A obra não se propõe a uma solução fácil, tanto que não sugere uma saída pro problema da violência de Alex. Com o tratamento, Alex fica à mercê da sociedade que ele tanto castigou, sem o tratamento, ele fica livre pra voltar ao seu passado violento e sua música clássica. O único elemento que explica em parte Alex é a ausência dos pais em casa mas fora a sugestão de uma justificativa pra violência, nada se oferece como possível solução futura pra um indivíduo como ele. Aqui o filme de Stanley Kubrick se encerra deixando em aberto o futuro de Alex, sugerindo que não há uma solução pro problema e que Alex seguirá o mesmo de aqui em diante. O livro, no entanto, tem mais um capítulo que apresenta um Alex resignado, com uma nova gangue mas sem o menor interesse na violência de outrora. Agora Alex não vê mais com o mesmo interesse ou a excitação de outrora em sair com seus novos amigos e praticar atos de violência. É como acontece com os jovens hoje, você pode chegar na idade que é permitido beber e começar a tomar um porre atrás do outro mas a menos que você seja um alcoólatra irredutível, chega um dia que beber e encarar a posterior ressaca já não tem mais a mesma graça de antes. Aqui a graça da violência já não tem mais o mesmo impacto pra Alex sugerindo que daqui em diante ele seguirá uma vida normal, talvez correta e provavelmente distante da violência de outrora. Isso não é uma solução fácil ou provável, ao meu ver ainda prefiro o final do filme pois acredito que um indivíduo cruel como Alex não conseguiria simplesmente abandonar sua essência agressiva por escolha mas ainda assim não deixa de ser uma opção interessante pro desfecho da narrativa.

Ilustração de Oscar Grillo
O curioso da diferença entre livro e filme é o fato de que a versão norte-americana do livro teve o capítulo final omitido pelo editor e foi justamente essa versão, sem a redenção de Alex, que chegou às mãos do diretor Stanley Kubrick. Curiosamente, Laranja Mecânica teve passagens adaptadas ao pé da letra pelo diretor, ao contrário de outros livros adaptados por Kubrick ao cinema, vide O Iluminado que ganhou várias alterações no original de Stephen King ao ser adaptado aos cinemas pelo diretor. O final do livro, omitido no filme, causa uma estranheza aos que conheceram o filme antes de ler o livro: o final do livro torna-se menos impactante pra alguns, a simpatia com a nova fase do protagonista acaba soando forçada pra muitos. O livro é um clássico essencial à literatura tanto quanto o filme é na história do cinema e, apesar das semelhanças literais entre ambos, tem em seu final um encerramento muito mais otimista pra jornada do protagonista, algo que no final do filme fica mais em aberto. Ironia ou não, ciente ou não do capítulo extra do livro, Kubrick entrega um filme visualmente impactante, cujo uso expressivo de Beethoven na trilha sonora define toda uma estética da violência seja no balé da briga entre os druguis de Alex e a gangue de Billy Boy ou quando Alex decide mostrar quem manda aos seus companheiros na cena emblemática junto ao rio. O espectador do filme acaba maravilhado pelas cenas, ainda que ciente do desgosto que deveria sentir por um protagonista tão vil. O leitor da obra de Burgess por outro lado, acaba com a sensação de confidência de Alex, algo que ao mesmo tempo choca quando é Alex quem comete a violência e causa pena quando Alex se torna uma vítima indefesa após o tratamento.

Ilustração do próprio Anthony Burgess junto com as notas do autor
Por muitos anos o filme foi censurado em vários países e chegou a ser associado a atos de violência executados por gangues juvenis na década de 70, tanto que o próprio Kubrick chegou a ser ameaçado um tempo depois do lançamento do filme, fato que o fez pedir pra retirar o filme dos cinemas na Inglaterra e determinar que assim permanecesse até sua morte, em 99. Não era intenção nem de Burgess ou Kubrick inspirar qualquer tipo de violência e, ainda assim, como em tantas outras obras polêmicas, Laranja Mecânica foi usado como justificativa/desculpa pra atos violentos executados por pessoas desequilibradas. É o preço que se paga por discutir a violência em um nível tão intimista. A nova tradução da Editora Aleph é impecável e merece todos os elogios ao tradutor Fábio Fernandes que se desdobrou pra trazer o nadsat com naturalidade ao leitor brasileiro. As traduções antigas da obra perdiam em muito a qualidade em alguns trechos e essa falha foi totalmente corrigida aqui. A editora ainda entrega duas opções ao leitor, a edição básica e a especial de 50 anos, algo que agrada tanto quem busca por uma opção econômica quanto aos colecionadores. A edição especial de 50 anos do lançamento do livro conta com extras inéditos como artigos escritos pelo próprio autor sobre o livro e o filme, uma entrevista, trechos do manuscrito original e ilustrações de Dave McKean, Angelli e Oscar Grillo, todas exclusivas da edição brasileira, tudo isso numa edição altamente estilizada, com uma produção impecável e mais uma capa icônica da Aleph.


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O Sentinela Positrônica é um Blog Parceiro da Editora Aleph.
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Daniel Rockenbach, um estranho numa terra estranha que decidiu compartilhar suas leituras sobre ficção científica em suas mais diversas manifestações.



Seu instagram é @danielrockenbach.