18 de abril de 2017

Gladiadores do futuro

*Resenha feita durante a 2ª Mostra Sci-Fi no MIS realizada entre 17 e 20 de abril de 2017 no Museu da Imagem e do Som de Campo Grande, MS.

Rollerball, os gladiadores do futuro
Na Roma antiga o Coliseu abrigou várias lutas épicas entre gladiadores que combatiam por suas vidas em um espetáculo pensado pra entreter as massas. Como a morte era algo certo, não restava esperança alguma aos infelizes que lá lutavam, tudo que sobrava era o pão e o circo pro povo que pouco se importava com o sangue derramado. Rollerball (1975) dirigido por Norman Jewison traz o mesmo conceito, agora pro futuro. Em 2018 as guerras acabaram, as nações também e as corporações assumiram o controle. Neste futuro distópico, cada região do planeta é controlada por uma corporação. A cidade de Houston não é mais parte dos Estados Unidos e sim parte da Corporação de Energia e assim é com todas as grandes cidades mundo afora. Existem corporações pra alimentação, saúde, entretenimento e outras tantas, todas consolidando os grandes conglomerados de outrora em suas respectivas frentes. Essa paz aparente mascara um futuro onde poucos privilegiados usufruem da boa vida e seus benefícios: quanto mais importante sua posição dentro dessa sociedade, mais poder você tem, inclusive com os homens podendo escolher até mesmo a mulher que vai viver com eles, independente dela querer ou não, tampouco pertencer a outro. Poucas afortunadas podem ser executivas independentes pelo que o filme mostra. Nesse futuro distópico, machista e alienado, o pão é garantido a todos, importantes ou não, e todos são unidos por um único esporte: o Rollerball.

Os gladiadores em ação
O Rollerball é disputado em uma arena circular por 2 times, cada time com dois motoqueiros sempre rodando a arena visando impulsionar os jogadores do time nas jogadas já que todos os demais jogadores usam patins. O objetivo de cada time é jogar a bola, uma esfera de metal maciça, no alvo localizado no círculo exterior. Cada jogador usa uma proteção similar a do futebol americano e pode usar os ombros e braços em suas jogadas. Ao menos assim era no começo já que ao longo do filme, a conveniência faz com que as corporações gradativamente alterem as regras do esporte. Se o esporte parece confuso pra você, não se preocupe, qualquer confusão é intencional. Jonathan E. (James Caan) é o grande destaque da Corporação de Energia e o herói dos fãs do Rollerball. A cada temporada Jonathan vem quebrando recorde após recorde, o que deixa as corporações cada vez mais preocupadas com o seu futuro. A trama do filme se desenvolve quando Jonathan E. é convidado a se aposentar pelo líder da Corporação de Energia, o que acaba expondo o real propósito e efeito do Rollerball.

Pausa pro hino da Corporação Sinistra
Baseado no conto The Roller Ball Murder de William Harrison publicado em 73 na revista Esquire, o filme retrata um futuro onde toda fome, miséria e violência foram erradicadas depois da última grande guerra. Apesar da situação sugerir um futuro pacífico e feliz, a realidade dos gladiadores do amanhã mascara aqui uma terrível conveniência em uma distopia assustadoramente próxima do que vemos hoje em dia com a alienação das massas. A importância do indivíduo e seu esforço é discutida nas telas na alienação de Jonathan E., o protagonista que nada conhece a não ser a violência do Rollerball. Sem isso, ele não tem propósito nessa sociedade. Esse é mais um exemplo do pessimismo com o amanhã no cinema da década de 70. Mesmo o fim das guerras pode significar um futuro vazio, que poucos podem aproveitar. 



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O Sentinela Positrônica é um Blog Parceiro da Editora Aleph.
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Daniel Rockenbach, um estranho numa terra estranha que decidiu compartilhar suas leituras sobre ficção científica em suas mais diversas manifestações.

Seu instagram é @danielrockenbach.