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Os livros doados ao público, bastava ir na árvore e pegar o seu |
Bonito seria mais uma linda cidade turística como outras tantas Brasil afora no último fim de semana, não fosse um evento especial na cidade: a
Feira Literária de Bonito,
FLIB ou mesmo
FLIBonito como alguns gostaram de chamar. Eu já conhecia Bonito de outras primaveras mas nunca havia comparecido a um evento na cidade: ora faltavam oportunidades, ora sobravam desculpas. Mesmo a primeira edição da
FLIB em 2015 eu acabei perdendo graças a um plantão de última hora. Acompanhei a
Evelise Couto da
Contexto Mídia, autora do Blog
Casa de Um na cobertura do evento. Aceitei o convite do organizador
Carlos Porto, que muito atenciosamente possibilitou minha participação. Na organização do evento, conheci a
Maria Adélia Menegazzo, curadora do evento e alguém que desde sempre me lembram que eu já deveria ter tido um dedo de prosa. Aqui expresso minha gratidão ao
Carlos por ter concretizado essa prosa com a
Maria Adélia, uma guia pro futuro do Sentinela no mundo das palavras.
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As apresentações teatrais cativaram o público das escolas |
A segunda edição da
FLIB manteve o protocolo e, assim como homenageou em 2015 o poeta local
Manoel de Barros, em 2016 foi a vez do poeta
Lobivar Matos, um desconhecido pra muitos mesmo aqui no Mato Grosso do Sul mas que vem tendo uma releitura/redescoberta de sua obra graças ao trabalho de pesquisadores das universidades locais. A poesia de
Lobivar fala da regionalidade, de seu amor pela cidade de Corumbá e traz carregados traços de sua infância pantaneira.
Lobivar morreu jovem, aos 32 anos e sem o devido reconhecimento pela sua obra, os livros de poemas
Areôtorare: poemas boróros e
Sarobá que em 2016 completa 80 anos de publicação.
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O Sentinela divide a palestra com o Prof. Edson Silva |
No evento tive a oportunidade de reencontrar meu professor dos tempos da faculdade de Jornalismo, o Prof.
Edson Silva, a quem tive o privilégio de acompanhar em uma apresentação onde discorremos sobre a pesquisa jornalística, construção de narrativas e os blogs literários como ferramenta. Meu trabalho com o prof.
Edson nos tempos de Jornalismo remete às pesquisas feitas sobre a história da cidade de Campo Grande e sua arquitetura, seu patrimônio material e imaterial como a Ferrovia e as construções do centro histórico da cidade. Algo que se destacou durante o evento foi a relação com as escolas e as crianças, o trabalho com os jovens leitores. Professores de escolas locais e da região levavam seus alunos pra participar de apresentações teatrais e culturais em espaços rotativos com várias atividades pra criançada desenvolver o gosto pela leitura, uma iniciativa pra lá de louvável.
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O Sentinela, pego no flagra admirando o livro infantil Zebrosinha, de Bruna Beber |
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Daniel Munduruku e suas histórias no Espaço Sarobá |
No palco conheci o trabalho do
Beirão, um músico nordestino radicado em Brasília que trabalha a literatura de cordel em suas canções e encantou a primeira noite do evento. No
Espaço Sarobá contemplei a poesia da
Bruna Beber no
Dedo de Prosa com os autores. No mesmo espaço se apresentaram o amigo e esctitor
Ewerton Carvalho com o seu
O Primeiro Vampiro, o também amigo e contista
Henrique Pimenta com o seu
Ele adora a desgraça azul e seus contos. Lá conheci
Luciano Serafim e suas histórias, sua paixão por
Manara,
Crepax e outros tantos.
Luciano trouxe com sua
Editora Arrebol, uma forma diferente e sustentável de publicação, valorizando acima de tudo o talento do autor. Nas palestras também conheci o autor
Daniel Munduruku, autor indígena que na programação aparecia como autor de livros infantis mas na apresentação surpreendeu a todos com suas palavras sinceras sobre a questão indígena no Brasil.
Daniel também discorreu sobre a fonte de suas narrativas, a oralidade dos velhos dos povos onde ele circula. É dessa oralidade que saiu o livro
A caveira-rolante, a mulher-lesma e outras histórias indígenas de assustar, da
Global Editora, livro que me interessou por trazer o terror nos contos que os velhos contam.
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A criançada lendo: um dos pontos fortes da FLIB |
Outra autora que me surpreendeu e eu desconhecia era
Ana Paula Maia que criou um personagens chamados
Edgar Wilson e
Bronco Gil, situou suas histórias em ambientes inusitados como um matadouro e falou de um mundo onde a delicadeza feminina não entra e os personagens não necessariamente têm de evoluir do ponto A ou B. Estou terminando
De Gados e Homens entre ontem e hoje, enquanto escrevo esse post, de tão inesperada que foi a descoberta/leitura. Fiquei com impressão parecida da que tive ao assistir
Amarelo Manga de
Cláudio Assis, principalmente pelas sequências no açougue e no matadouro.
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Julio Maria e seu Nada Será Como Antes |
Na
FLIB também conheci
Julio Maria, autor da biografia mais recente sobre
Elis Regina que comoveu a todos com a desconstrução da eterna
Pimentinha em sua apresentação. Foi comovente ouvir do autor o relato dos filhos de
Elis na leitura das passagens do livro. Resta agora a vontade de devorar cada página de
Nada Será Como Antes e desconstruir com
Julio o mito que foi, e ainda é,
Elis Regina. Em um mercado onde biografias são proibidas pela auto-censura de personagens que querem uma imagem intocada, ainda que incoerente pra posteridade,
Julio parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre a desconstrução do mito e o relato sincero, tudo que esperamos de uma boa biografia.
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Pedro Gabriel e seus livros, um exemplo de inspiração |
Outra apresentação que me cativou foi a do
Pedro Gabriel e seus livros,
Eu me chamo Antônio e
Segundo - Eu me chamo Antônio. Em sua conversa com o público ele mostrou que às vezes, algo simples como se expressar em um guardanapo pode nos levar a algo maior, a sair da rotina diária à qual nos deixamos prender.
Pedro tem um talento excepcional, ele cria e traça sua obra, desenha e escreve, compondo tudo de um jeito simples e direto. Se ainda não caiu no gosto dos acadêmicos é porque esses ainda falham em admirar algo que veio da selva cibernética e que eles ainda têm medo de explorar. Espero que sua obra continue inspirada e criativa como sua presença foi aos seus fãs.
De resto, posso dizer que a peça intimista de
Paulo Betti e o show de
Tetê Espíndola vieram pra coroar um evento muito especial, uma feira que começava todos os dias com o chamado sempre especial do artista
Ruberval Cunha que encantava a todos com um bom dia sempre especial através de seus versos declamados em improvisos sempre encantadores. A
FLIB de 2016 foi inesquecível e eu mal vejo a hora pra participar da próxima, dessa vez com meus contos! Aqui vai meu muito obrigado a todos os envolvidos e a recomendação aos leitores que participem nas próximas!
P.S.: As fotos do post são de autoria da
fotógrafa Elis Regina, algo no mínimo surreal quando se tem no evento o biógrafo da
Elis Regina! Um
inception inesperado por todos!
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Daniel Rockenbach, um estranho numa terra estranha que decidiu compartilhar suas leituras sobre ficção científica em suas mais diversas manifestações.